“A Morte da Sra. McGinty” é um clássico romance de mistério de Agatha Christie , apresentando o icônico detetive Hercule Poirot. A trama se desenrola em um pacato vilarejo inglês, Broadhinny, onde um crime aparentemente simples e já resolvido esconde uma complexa teia de segredos do passado. Uma faxineira idosa, a Sra. McGinty, é brutalmente assassinada, e seu inquilino, James Bentley, é rapidamente condenado pelo crime. No entanto, o superintendente do caso, Spence, duvida da culpa de Bentley e, em um ato de consciência, procura um Poirot entediado e aposentado para investigar a verdade. O livro mergulha na psicologia dos personagens, explorando como identidades forjadas e tragédias antigas podem ressurgir para causar novas violências, desafiando Poirot a desvendar um assassinato para salvar um inocente e a si mesmo de um perigo iminente.
📑 Resumo por Capítulo
- Capítulos 1-3: Hercule Poirot, sentindo o tédio da aposentadoria, é procurado pelo Superintendente Spence. Spence está preocupado com o caso da Sra. McGinty, uma faxineira assassinada em sua casa. Embora o inquilino dela, James Bentley, tenha sido condenado à morte com base em evidências esmagadoras — como dinheiro roubado encontrado perto da casa e sangue da vítima em sua roupa —, Spence acredita firmemente em sua inocência. Intrigado pelo desafio e pela convicção do policial, Poirot aceita investigar o caso, mesmo com as pistas já frias.
- Capítulos 4-6: Poirot viaja para o vilarejo de Broadhinny e se hospeda na caótica pensão Long Meadows, administrada pelo casal Summerhayes. Ele inicia suas investigações entrevistando a sobrinha da vítima, Bessie Burch, que descreve sua tia como uma mulher comum e sem inimigos. Em seguida, Poirot visita o antigo empregador de Bentley e conhece Maude Williams, uma ex-colega de trabalho que também acredita na inocência do condenado.
- Capítulos 7-8: A investigação de Poirot o leva à agência dos correios, onde a Sra. Sweetiman revela um fato crucial: dias antes de morrer, a Sra. McGinty, que raramente escrevia, comprou um tinteiro. Seguindo essa pista, Poirot examina os pertences da vítima e descobre que ela havia recortado um artigo de um jornal, o Sunday Companion, que trazia fotos e histórias de quatro mulheres envolvidas em crimes famosos do passado: Eva Kane, Janice Courtland, Lily Gamboll e Vera Blake. A hipótese de Poirot é que a Sra. McGinty reconheceu uma dessas mulheres vivendo em Broadhinny.
- Capítulos 9-11: Poirot começa a entrevistar as patroas da Sra. McGinty, que agora se tornam as principais suspeitas. Ele conhece o Dr. Rendell e sua esposa nervosa, Shelagh; a inválida Sra. Wetherby, seu severo marido e sua infeliz enteada, Deirdre Henderson ; a autoritária Laura Upward e seu filho teatrólogo, Robin ; e o casal politicamente ambicioso, Guy e Eve Carpenter. Durante sua investigação em Kilchester, Poirot é empurrado em direção a um trem em movimento, um atentado que confirma que ele está na trilha certa.
- Capítulos 12-14: A escritora de romances policiais Ariadne Oliver, uma velha amiga de Poirot, chega a Broadhinny para colaborar em uma peça com Robin Upward. Em uma reunião social, Poirot mostra as quatro fotografias do jornal aos suspeitos. A Sra. Upward afirma reconhecer a foto da criança assassina, Lily Gamboll, mas se recusa a dar mais detalhes, apesar dos avisos de Poirot sobre o perigo que corre. Pouco depois, Poirot descobre a provável arma do crime da Sra. McGinty: um pesado cortador de açúcar de latão que Maureen Summerhayes comprou em uma venda de caridade.
- Capítulos 15-17: Poirot arranja para que Maude Williams trabalhe como empregada na casa dos Wetherby para investigar por dentro. Naquela mesma noite, enquanto Robin Upward e a Sra. Oliver estão no teatro, a Sra. Upward é encontrada estrangulada em sua sala. A investigação revela que ela havia convidado três mulheres para visitá-la naquela noite: Deirdre Henderson, Eve Carpenter e Shelagh Rendell, todas com a mesma faixa etária da filha de Eva Kane.
- Capítulos 18-20: A polícia encontra um livro na casa da Sra. Upward com o nome “Evelyn Hope” — o pseudônimo que Eva Kane adotou. A evidência agora sugere que uma das três mulheres convidadas é a filha de Eva Kane ou a própria Lily Gamboll. Eve Carpenter, em pânico, tenta contratar Poirot para protegê-la. Em um momento crucial, Poirot encontra a fotografia original de Eva Kane, com as palavras “Minha mãe” escritas no verso, escondida em uma gaveta na pensão Long Meadows.
- Capítulos 21-23: Poirot reúne todos os suspeitos em Long Meadows para a revelação final. Ele desconstrói as pistas falsas, como o batom e o perfume deixados na cena do crime da Sra. Upward, que foram plantados para incriminar uma mulher. Ele revela que a criança de Eva Kane não era uma menina, mas um menino chamado Evelyn Hope, que mais tarde adotou o nome de Robin Upward. A Sra. McGinty o reconheceu pela foto, e ele a matou para proteger seu segredo e a herança da Sra. Upward, que o havia adotado. Quando a Sra. Upward também descobriu a verdade, ele a assassinou da mesma forma.
- Capítulos 24-27 (Epílogo): Com a confissão de Robin, Poirot explica os detalhes restantes. Maude Williams revela ser a filha do homem injustamente culpado pelo crime original de Eva Kane, e estava em Broadhinny em busca de vingança. O atentado contra Poirot na estação de trem não teve relação com o caso, mas foi obra do Dr. Rendell, que temia que Poirot estivesse investigando a morte suspeita de sua primeira esposa. No final, James Bentley é libertado, e Poirot, em um gesto de casamenteiro, decide unir o tímido Bentley com a igualmente solitária Deirdre Henderson.
🖋️ Principais Pontos
- A Psicologia do Criminoso vs. a do Inocente: Um diferencial da obra é a ênfase na análise psicológica. A convicção inicial de Spence e Poirot na inocência de James Bentley não se baseia em provas, mas na ausência de uma característica que eles consideram essencial em assassinos: a vaidade. Bentley é apenas um homem assustado e apático, perfil que destoa do criminoso calculista que eles procuram.
- O Passado Como Motivo Central: O enredo é impulsionado por eventos ocorridos décadas antes. O assassinato da Sra. McGinty não é um crime passional ou por ganância imediata, mas uma medida desesperada para evitar que um segredo de família, ressuscitado por um artigo de jornal, destrua a vida confortável do assassino no presente.
- A Sátira do Mundo Literário: A presença da personagem Ariadne Oliver, uma escritora de romances de mistério, serve como uma divertida autocrítica de Agatha Christie. Suas reclamações sobre seu detetive finlandês, Sven Hjerson, e as dificuldades em adaptar suas obras para o teatro, ecoam os próprios sentimentos de Christie em relação a Hercule Poirot e às adaptações de seus livros.
💡 Aprendizados
- A Fragilidade das Aparências: O vilarejo de Broadhinny é habitado por “pessoas muito distintas” , mas a investigação revela que quase todos têm algo a esconder, seja um passado criminoso, uma origem humilde ou infelicidade doméstica. A obra nos ensina que a respeitabilidade é, muitas vezes, uma fachada frágil.
- As Consequências da Curiosidade: Tanto a Sra. McGinty quanto a Sra. Upward pagaram com a vida por “esticarem o pescoço” onde não deviam. O livro adverte sobre os perigos de se intrometer nos segredos alheios, especialmente quando não se compreende a dimensão do que está em jogo.
- A Justiça Além das Evidências: O caso demonstra a falibilidade de um sistema judicial que se baseia apenas em evidências circunstanciais. A condenação de Bentley parecia irrefutável, mas a intuição e a consciência de um policial, aliadas à genialidade de Poirot, mostram que a verdadeira justiça exige uma compreensão mais profunda da natureza humana.
👀 Curiosidades
- Título Original e a Cantiga Infantil: O título original em inglês é Mrs. McGinty’s Dead, uma referência direta a uma cantiga de um jogo infantil que o Superintendente Spence recorda no início do livro. Essa conexão dá um tom macabro e quase folclórico ao crime.
- A Autora em Cena: A personagem Ariadne Oliver é amplamente considerada um alter ego cômico de Agatha Christie. Sua paixão por maçãs, seu cabelo indisciplinado e suas frustrações com as convenções do gênero de mistério são traços que a própria Christie compartilhava.
- Copyright e Publicação: O livro foi originalmente publicado em 1952. A versão em português fornecida é a 8ª edição da Editora Nova Fronteira, com tradução de Carmen Ballot.
- Pseudônimo de Christie: O livro menciona que Agatha Christie também escreveu sob o pseudônimo de Mary Westmacott, pelo qual publicou seis romances focados em drama e psicologia, distintos de suas famosas tramas de mistério.
🔄 Conhecimentos Conectados
- “Um Crime Adormecido” (Agatha Christie): Assim como em “A Morte da Sra. McGinty”, este romance de Miss Marple lida com um assassinato antigo cujas repercussões voltam para assombrar o presente, mostrando que velhos segredos nunca morrem de verdade.
- “Cem Anos de Solidão” (Gabriel García Márquez): Embora de um gênero completamente diferente, a obra de Márquez compartilha a ideia de como os pecados e segredos das gerações passadas definem o destino das futuras, criando um ciclo de eventos do qual é impossível escapar.
- “O Retrato de Dorian Gray” (Oscar Wilde): A obra explora a dualidade entre a aparência pública e a verdadeira natureza de uma pessoa. Assim como os personagens de Broadhinny se esforçam para manter uma fachada de respeitabilidade, Dorian Gray esconde sua alma corrupta por trás de um belo retrato.